Taí, gostei!

Aqui eu compartilho com meus amigos aquilo que encontro de melhor pelo mundo afora: lugares, livros, discos, pessoas, restaurantes, blogs, poemas, etc.

Thursday, December 08, 2005

Cora Rónai

Eu passo pelo blog da Cora quase todos os dias, principalmente para saber o que está rolando no Rio e matar as saudades. Gosto muito de ler o que ela escreve, ver as fotos e acompanhar as discussões nos comentários, já que o blog é super bem frequentado. Hoje encontrei essa crônica dela lá no blog e achei que tinha tudo a ver com a foto no post abaixo:

Os dias lindos e a banda malsã do paraíso

Considerações sobre a vida, as mutretas da prefeitura e a Daspu, uma grife bacana

Na ponta das minhas pedaladas em Berlim, há alguns meses, sobraram duas semanas de férias. Há 14 dias, elas me pareciam um verdadeiro latifúndio calendário: quantas coisas eu não faria, quantas fotos, quantas caminhadas! Hoje, a impressão é que mal pude me espichar na rede e abrir um livro; aquele tempo aparentemente enorme acabou reduzido a um simples piscar de olhos.


Desta vez, fui pouco original nos meus rumos. Escolhi uma cidade de cartão postal, que para meio mundo é sinônimo de praia e de aventura; um lugar lindo mesmo quando chove, com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que é impossível ficar em dia com o que está no ar, quanto mais manter a agenda atualizada.

Na minha janela, uma das paisagens mais emocionantes do planeta; do outro lado da rua, um deslumbrante espelho d'água, cercado de árvores, com uma quantidade de pássaros fazendo algazarra ao entardecer. E tudo isso a um preço bastante convidativo: passei duas semanas em casa.

* * *

Muitas coisas aconteceram durante as minhas férias, de shows de rock à inauguração da árvore da Lagoa -- que, para mim, a cada ano fica mais bonita. Sou fã da árvore e até da confusão que faz à minha porta: acho que vale ficar um mês sem pedalar pela Lagoa para ver tanta gente contente, que vem de longe e transforma a visita a este peculiar arranjo de luzes num passeio digno de registro.

Tanto assim que, mal foi inaugurada, já perdi a conta do número de namorados e de famílias que, vendo-me por ali de câmera em punho, me estenderam suas máquinas, pedindo que, por favor, lhes sacasse uma foto. Pelas minhas mãos passaram, nos últimos dias, digitais de todos os tipos e feitios, das mais simplinhas a modelos que eu ainda não conhecia; passaram celulares, xeretas descartáveis e até algumas máquinas 35mm, de filme, que nem sei mais usar.

Em cada uma registrei, em primeiro plano, pessoas sorridentes, alegres com o simples fato de terem visto uma árvore iluminada flutuando na água.

* * *

Dei sorte: peguei dias radiantes, daqueles em que o Rio chega a doer de tão bonito. Não pela boniteza, naturalmente, mas por sabermos o quanto de mal se esconde por trás do cenário deslumbrante. É a dor do paraíso perdido, da cidade assassinada, do coração partido.

Num desses dias, o poeta Geraldinho Carneiro, meu irmão querido, telefonou:

-- Pare qualquer coisa que esteja fazendo e vá imediatamente olhar o pôr-do-sol!

-- Carneirinho, sabe o que estou fazendo? Estou fotografando. O pôr-do-sol.

E estava mesmo. Vinha pela Visconde de Pirajá quando o dia me empurrou para a praia. A luz, o brilho, o cheiro da maresia: não dava para resistir. E lá fui eu, feito uma gringa, de bolsa a tiracolo, calça enrolada e sandália na mão, meter os pés na areia e na água, embevecida com o sol que se punha atrás dos Dois Irmãos. Contrariando os conselhos do meu mestre Flávio Damm, que recomenda que não se vá sequer a missas de sétimo dia sem levar a câmera, a máquina ficara em casa; mas é para momentos assim que existem os celulares turbinados.

Fiz várias fotos e continuei pela praia até Ipanema. Já no calçadão sacudi a areia, calcei as sandálias e voltei para casa, morta de paixão pela minha cidade e de ódio pelos seus governantes ineptos e canalhas, incapazes de perceber a grandeza e a fragilidade do tesouro que lhes foi confiado.

Na noite daquele mesmo dia, o ônibus 350 seria incendiado.

* * *

Enquanto isso, de São Paulo, vem a prova de que este país anda mesmo de pernas pro ar. Os advogados da Daslu, aquela loja para deslumbrados egocêntricos, que faz contrabando e sonega impostos em larga escala, teve a audácia de mandar uma notificação para a Daspu, pequena firma de moças pobres e trabalhadoras, para que desistam da marca.

A Daspu, vocês sabem, é das putas: foi criada pela ONG Davida, que luta para dar dignidade e apoio a mulheres que, no fundo, não ganham a vida de forma tão diferente assim de boa parte da clientela da Daslu.

Pois querem saber? Eu, que morreria de vergonha de usar uma roupa Daslu, estou com a Daspu e não abro. Vão em frente, meninas, vocês, sim, são guerreiras!

Boa sorte, e todo o meu carinho.

* * *

Curiosa esta CPI que vai investigar as relações espúrias entre o senhor Victor Fasano e o nosso dinheiro, não? Aberta por um deputado do PFL, numa casa presidida pelo PFL,tem cara de pizza, forma de pizza, cheiro de pizza. Imagino o raciocínio dos pizzaiolos:

-- Melhor abrir logo uma CPI antes que alguém realmente disposto a apurar os fatos o faça... A gente enrola, faz umas audienciazinhas meia-bomba e sossega aqueles malucos que gostam de bicho. Para não falar nos otários que pagam imposto e que votam ano que vem...

(Cora Rónai, O Globo, Segundo Caderno, 8.12.2005)

Sunday, December 04, 2005

Rio de Janeiro

Foto tirada por Sandra Mara Mazzoni no dia da inauguração da árvore de Natal da Lagoa (26/11/2005).

Thursday, December 01, 2005

The Great Gatsby

Terminei de ler esse livro ontem no avião enquanto sobrevoava o Queens, vendo a vista de Manhattan à minha esquerda, um pouco antes de pousar no Aeroporto La Guardia. Até que foi bem apropriado, dado que a estória se passa em Long Island e Manhattan, e a Queensboro Bridge é cruzada pelos personagens várias vezes. Adorei o livro. Dá pra entender porque virou um clássico da literatura americana. Mostra muito da cultura dos anos 20, é muitíssimo bem escrito (dá vontade de ler cada frase várias vezes) e a estória é super envolvente.
Também estou feliz porque é mais um livro da lista dos 100 melhores romances do século que eu leio. Desses, eu só li "Admirável Mundo Novo" (excelente), "Cem Anos de Solidão" (excelente), "1984" (excelente), "Mrs. Dalloway" (médio) e comecei a ler mas não consegui terminar o "Memorial do Convento" (do Saramago eu só consegui ler, e adorei, o "Ensaio sobre a Cegueira"). Não dá pra levar muito a sério essa estória de lista dos melhores, mas vale como guia de livros clássicos.